Semana passada, tive a oportunidade de conhecer o Claudivan Souza e Silva, maestro e fundador da JK Jazz Band em Diamantina.
Natural do Rio de Janeiro, Claudivan foi para Diamantina há três anos e fundou a primeira banda de jazz da cidade. As iniciais “JK” referem-se a Juscelino Kubitschek (1902-1976), presidente do Brasil (1956-61) cujo notável trabalho inclui a construção da nova capital, Brasília. Kubitschek, também conhecido como “JK”, nasceu em Diamantina. Hoje, a casa em que ele viveu na infância é um museu, que se tornou também a primeira casa da JK Jazz Band e o local onde foram feitas suas primeiras apresentações.
Com toda a diversidade do patrimônio musical de Diamantina - do barroco ao chorinho – eu, de alguma forma, havia presumido que o jazz já era algo totalmente integrado à cultura. Para minha surpresa (e ignorância), o jazz é ainda um gênero musical novo em Diamantina e o Claudivan é o primeiro músico a formar uma banda de jazz!
(Esse tipo de surpresa é um exemplo das características ímpares de uma residência digital, realizada por meio de conversas pela internet. Às vezes me acho numa confusão total, desconcertada ao perceber que fiz algumas suposições inconscientes baseadas na minha própria educação musical. Se fosse uma residência na qual eu pudesse visitar o lugar, essa percepção talvez não me ocorresse, uma vez que cada encontro cultural é muito imediato e intuitivo. Antes da reunião, eu havia elaborado umas perguntas que foram enviadas para o Claudivan, mas depois dos primeiros minutos, eu logo percebi que minhas perguntas eram completamente inúteis! Uma residência digital pode exigir um exercício de imaginação!)
Jogando pela janela todas as perguntas que eu havia preparado, perguntei ao Claudivan: como as pessoas da cidade reagiram ao jazz quando você fundou a JK Jazz Band em Diamantina?
O Claudivan respondeu que a reação inicial foi muito positiva e que a banda tem crescido em força e consolidado passo a passo seu sucesso. Os primeiros concertos foram realizados na casa de Juscelino Kubitschek, mas quando o público cresceu, as apresentações passaram a ser realizadas em vários locais e em espaços ao ar livre. Para os músicos locais, o conceito de improvisação no jazz é ainda algo novo. No entanto, com todas as habilidades auditivas obtidas intuitivamente por meio dos vários gêneros musicais em Diamantina, a formação dos músicos no jazz não oferece muita dificuldade.
Quando o Claudivan mencionou que a cultura do jazz é muito forte no Rio, minha próxima pergunta foi: a cultura de tocar jazz ao ar livre é algo exclusivo de Diamantina ou isso é comum no Rio também?
Respondendo, o Claudivan disse que é comum tocar jazz ao ar livre no Rio de Janeiro também. Minhas experiências de assistir apresentações de jazz no Reino Unido e no Japão quase sempre foram a portas fechadas, com cortinas pesadas e palco pouco iluminado (como no Ronnie Scotts em Londres e Cotton Club em Tóquio, para citar apenas alguns). A partir disso, imagino que a cultura do jazz no Brasil talvez seja um pouco diferente da cultura do jazz no Reino Unido e no Japão, e isso é algo que eu adoraria ver e vivenciar no futuro.
Outra coisa interessante a se observar em relação à JK Jazz Band é a inclusão de uma guitarra na instrumentação (tocada pelo maestro da Orquestra Jovem de Diamantina, Reginaldo Cruz!). Essa abertura, essa mescla e essa fusão de culturas musicais diversas que tenho percebido por meio das várias conversas com os músicos diamantinenses até agora têm sido algo muito alentador para mim. É também empolgante descobrir que em uma cidade histórica como Diamantina, a cultura está evoluindo também com novos gêneros musicais e projetos trazidos pela geração mais jovem, e esse projeto do Claudivan é um ótimo exemplo. No fim da nossa conversa, o Claudivan e eu concordamos que seria maravilhoso tocarmos juntos no futuro. Talvez eu tenha que praticar minhas habilidades jazzísticas ao violino, mas isso não seria sensacional?!
Para saber mais sobre a JK Jazz Band, acesse:
Instagram: @jkjazzband_oficial
Tradução: Ânderson Arcanjo