Ontem tive a oportunidade de conhecer a Soraya Araújo Ferreira Alcântara, diretora e fundadora da Arte Miúda, uma escola de música para crianças em Diamantina. Em seguida, aconteceu outra reunião com o maestro e fundador da JK Jazz Band, Claudivan Souza e Silva (farei outra publicação a respeito depois!).
A partir do meu trabalho com as composições para a Orquestra Jovem e a Banda Mirim, ambas compostas por jovens músicos com idades entre 11 e 20 anos, pareceu-me que há uma gama muito diversificada de atividades musicais realizadas por jovens músicos em Diamantina. Portanto, esse encontro com a Soraya foi uma oportunidade para eu descobrir de onde vem a raiz desses talentos musicais.
A Arte Miúda foi a primeira escola em Diamantina a dedicar-se à música, à dança e ao teatro. Foi fundada pela Soraya há 33 anos. Desde a sua fundação, não só tem oferecido formação musical acessível a todas as crianças interessadas em música (metade das crianças estudam gratuitamente), mas também formou muitos dos músicos que hoje atuam na Orquestra Jovem e estão seguindo a carreira musical.
Sendo Diamantina uma cidade em que encontramos uma vasta gama de gêneros musicais, fiquei me perguntando se existiria algum método de ensino capaz de tornar esses músicos versáteis em diferentes gêneros. Seria, talvez, o treinamento auditivo?
Respondendo a essa pergunta, Soraya disse que há, de fato, um método especial de ensino, que ela vem desenvolvendo ao longo dos anos. Consiste em usar desenhos em vez de notas musicais, de maneira que as crianças aprendam as notas associando-as com determinados objetos ou ideias concretas (por exemplo, a nota sol é representada pelo desenho do sol (astro). Algumas crianças, inclusive, são iniciadas na música com a tenra idade de 2 anos, antes mesmo de terem aprendido a falar e a ler!
A flauta doce e o canto são as duas primeiras matérias que as crianças aprendem antes de passarem a outros instrumentos. Portanto, os fundamentos auditivos e a musicalidade já estão presentes quando elas escolhem seu instrumento principal.
Um outro aspecto singular dessa escola é a realização de apresentações regulares chamadas de “saraus”, que são eventos que dão às crianças a possibilidade de executarem músicas, danças e peças teatrais. Como faz parte dos “fins de semana musicais” em Diamantina (que são os mesmos fins de semana em que a Vesperata é realizada), as crianças se apresentam para um número significativo de públicos e turistas ao longo do ano.Essa, para mim, é uma tradição extraordinária que coloca Diamantina como símbolo de uma cidade que verdadeiramente apoia e cultiva os jovens talentos. Uma vez que é oferecida às crianças pequenas a experiência de se apresentarem regularmente para o público (até mesmo turistas de todas as partes do mundo), elas conseguem adquirir a musicalidade e as habilidades artísticas que impactam seu crescimento de forma integral.
Como esse encontro foi bastante curto, Soraya ofereceu-se para participar de uma outra reunião com músicos diamantinenses na semana que vem. Estou ansiosa para continuar essa conversa!